domingo, 20 de março de 2016

O princípio do acordo



 O PRINCÍPIO DO ACORDO
 A Bíblia nos ensina também que o acordo é indispensável num relacionamento: "Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" Amós 3:3
A ausência de acordo é uma porta aberta para o diabo. Quando Paulo escreveu aos efésios e falou sobre não dar lugar ao diabo, o fez dentro de um contexto, que é o de pecados que acontecem nos relacionamentos: Efésios 4:26,27.
Tiago escreveu sobre o mesmo princípio. Ele disse Tiago 3:16.
Já mencionamos anteriormente que o acordo é uma porta aberta para ação de Deus (Mt.18:19). Mas quando chegamos ao ponto de dissipa-lo de nosso relacionamento, estamos comprometendo não só a qualidade da satisfação na esfera emocional, mas também a esfera espiritual de nosso lar. Não é fácil ajustar-se satisfatoriamente na relação conjugal. As diferenças são muitas; na formação de cada um, na personalidade, temperamento, e acrescente a isto as diferenças entre homem e mulher. Contudo, quando aprendemos a ter como denominador comum o caráter e os ensinos de Cristo, então conseguimos o ajuste por meio de ceder, perdoar, recomeçar, etc. Mesmo um casal que parecia perfeitamente ajustado em seu período de namoro e noivado descobrirá a necessidade de mais ajustes à medida que os anos de casamento vão passando. Não é uma tarefa tão fácil, mas não é impossível! Se não estivesse ao nosso alcance, Deus estaria sendo injusto ao cobrar isto de nós... mas o fato é que não só é algo possível, como também é uma chave poderosa na vida cristã!
                                               O CASAL DEVE DECIDIR JUNTO
 Há uma ordem de governo e autoridade estabelecida por Deus no lar. O marido é chamado o cabeça (Ef.5:22-24), e entendemos que como tal tem direito à palavra final. Porém, isto não quer dizer que o homem esteja sempre certo ou que não deva ouvir sua mulher. Encontramos no Velho Testamento uma ocasião em que o próprio Senhor diz a Abraão, seu servo: "Ouve Sara, tua mulher, em tudo o que ela te disser" (Gn.21:12). No Novo Testamento vemos Pôncio Pilatos desprezando o conselho de sua mulher e se dando mal com isto (Mt.27:19).
Precisamos considerar ainda que ser líder não significa ser autoritário. Quando o apóstolo Pedro escreveu aos presbíteros (que compõem o governo da Igreja Local), disse em sua epístola que eles não deveriam ser "dominadores do povo" (1 Pe.5:3). Isto mostra que autoridade e autoritarismo são duas coisas distintas. Vejo muitos maridos dizerem que suas esposas TÊM que obedecê-los! Mas ao dizer que as esposas devem ser submissas, Deus não estava instituindo o autoritarismo no lar. Vale ainda lembrar que Jesus declarou que "aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido" (Lc.12:48). Os homens precisam se lembrar de que em matéria de responsabilidade do lar, terão que responder a Deus numa medida maior que as mulheres. Mas não é preciso que o homem carregue o peso desta responsabilidade sozinho.
É importante que o casal dialogue e tome decisões juntos. Desde que casamos, Iana e eu sabemos quem é o cabeça do lar, mas foram muitas raras as vezes em que tomei uma decisão por mim mesmo. Sempre conversamos e discutimos sobre nossas decisões. Às vezes já estamos de acordo no início da conversa, e às vezes precisamos de muita conversa para amadurecer bem o que estamos discutindo. Mas sabemos a bênção de caminhar em acordo e cultivamos isto entre nós. Entendo que se a mulher é chamada de "auxiliadora" na Bíblia, é porque o homem precisa de sua ajuda. E a ajuda da mulher não está limitada à atividades domésticas. A Bíblia fala com esta figura, que deve haver uma relação de companheirismo. Creio que como auxiliadora, a mulher deve ajudar a tomar decisões.
Este é um processo que exige ajuste. Na hora de discutir alguma decisão, ou mesmo a forma de ser e se comportar de cada cônjuge, vemos o quanto é difícil ouvir ao outro. Mas devemos atentar para o ensino bíblico sobre isto: "Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha" (Pv.18:13). Tiago nos adverte o seguinte Tiago 1:19.
A verdade é que normalmente somos prontos para falar e irar-se um contra o outro, mas tardios para dar ouvidos ao que o outro tem a dizer. E isto precisa ser mudado em nós! Para que haja acordo, precisamos aprender a ouvir.

segunda-feira, 14 de março de 2016

A unidade entre o casal



A UNIDADE ENTRE O CASAL

INTRODUÇÃO:
 Muitos casais cristãos estão vivendo hoje fora daquilo que Deus idealizou. Brigas constantes, desrespeito mútuo e distância entre o casal, são vistos em muitos lares. E além da infelicidade que isto produz em seus corações, ainda há a questão do mal testemunho dado. Penso que este é um assunto que merece nossa atenção, pois o princípio de viver em unidade é algo que não apenas produzirá maior realização emocional no relacionamento, como também liberará sobre o casal as bênçãos de Deus.
 I. COMPREENDENDO A UNIDADE
 É importante que consigamos visualizar o que a unidade do casal pode produzir em suas vidas, e então seremos desafiados a preservá-la. Também entenderemos porque o diabo, o adversário de nossas almas, luta tanto contra ela. Jesus nos ensinou que a unidade e concordância permite Deus agir em nossas vidas Mateus 18:19,20.
Por outro lado, a falta de unidade impede Deus de agir. A palavra de Deus nos mostra de modo bem claro que quando o marido "briga" com sua mulher, algo acontece também na dimensão espiritual 1 Pedro 3:7
Ao deixar de honrar a mulher como vaso mais frágil e maltratá-la (ainda que só verbalmente), o marido está trazendo um sério problema sobre a vida espiritual do casal. A Bíblia diz que as orações serão impedidas. É lógico que isto também vale para a mulher. O texto bíblico revela que depois de desonrar a mulher na condição de vaso mais frágil (com asperezas), o homem, mesmo que clame ao Senhor, terá sua oração impedida, pois um princípio foi violado.
Deus não age em um ambiente de desarmonia e discordância. Isto é um fato. Quando o casal se torna um e fala uma só língua (sem discordância) eles removem os limites diante de si! Deus pode agir livremente num ambiente destes, mas basta perder a capacidade de falar a mesma língua que tudo se perde! No reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. Moisés cantou acerca do exército de Israel: um deles faria fugir a mil de seus inimigos, mas dois deles faria fugir dez mil! (Dt.32:30).
A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver isto numa das figuras bíblicas do Tabernáculo. O propiciatório da arca da aliança figura este princípio. O Senhor disse que ali Ele viria para falar com Moisés. O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória e a presença de divina se manifestava. E nas instruções para a confecção desta peça, vemos o simbolismo da unidade. Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só peça de ouro batido; com isto falava simbolicamente de unidade entre seus adoradores (Ex.25:17-19). Os querubins deviam estar com as asas estendidas um para o outro (Ex.25:20), o que fala de cobertura recíproca. A falta de unidade nos leva a agir com o espírito de Caim que disse ao Senhor: "Acaso sou eu guardador de meu irmão?" (Gn.4:9). Mas quando estamos em unidade com alguém, cobrimos e protegemos esta pessoa! Esta é uma virtude que acompanha a unidade.
A outra, é a transparência. Os querubins deveriam estar um de frente para o outro (Ex.25:20). Isto fala alegoricamente de poder encarar outro adorador "olho no olho". Fala de não ter nada escondido, de não ter pendências. Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho de outra pessoa quando as coisas não estão bem. Quando Jacó fala para sua família que as coisas já não estavam bem entre ele e Labão, seu sogro, a expressão que ele usa é: "vejo que o semblante de vosso pai já não é mais o mesmo para comigo" (Gn.31:5). Jesus disse que os olhos são a candeia do corpo. Eles refletem o que está dentro de nós. E a unidade é a capacidade de olhar olho no olho e estar bem. Particularmente, eu não posso concordar com casais que escondem coisas um do outro, seja no que diz respeito à sua vida passada (erros e pecados) ou presente (como nas questões financeiras, por exemplo).
Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção ou acerto de "pendências" (Pv.28:13). Às vezes fingimos um comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao outro, o que diverge do ensino bíblico. Este teatro não produzirá unidade verdadeira. Temos que aprender a ser francos, como está escrito: "Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto" (Pv.27:5). Paulo censurou este tipo de comportamento dúbio quando escreveu aos gálatas. Ele falou sobre como o apóstolo Pedro em certa ocasião agiu assim para ser "diplomático" e que esta atitude conseguiu atrair até mesmo o próprio Barnabé, companheiro de Paulo, e ele os censurou publicamente (Gl.2:11-14). Contudo, quero ressaltar que ser franco não significa ser grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a falar a verdade em amor. O conselho dado a Timóteo na hora de corrigir os que opunham, foi o de usar de mansidão (2 Tm.2:25). A unidade manifesta a verdade (dolorosa às vezes) de forma bem mansa.

terça-feira, 24 de março de 2015

A importância do Perdão na Família


Tema – “A importância do Perdão na Família”

INTRODUÇÃO

Podemos sugerir que há falta de perdão nos relacionamentos familiares. Será que essa sugestão é verdadeira?
Se olharmos para as estatísticas de separações entre marido e mulher e entre pais e filhos (abandono do lar), temos que admitir que o perdão não esta sendo praticado.
A crise de perdão na família reflete uma crise conjugal.
A crise conjugal reflete uma crise espiritual. Os nossos relacionamentos horizontais dependem de nosso relacionamento vertical.

I. A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO

A. Uma família não pode subsistir sem perdão, pois invariavelmente vamos errar uns com os outros. O perdão é a possibilidade da convivência.

B. O perdão é um indicador de nossa compreensão do amor de Deus por nós (Cl 3.13b).

C. Todos nós experimentamos ofensas: um amigo que nos trai, um filho ingrato, a parcialidade dos pais, uma palavra áspera, uma acusação falsa, uma data pessoal esquecida, a indiferença para comigo de alguém que me é importante. Perante a ofensa exercemos a escolha. Podemos "perdoar ou tornar-nos ressentidos, amar ou odiar, estabelecer relacionamentos ou rompê-los." A primeira escolha leva-nos á liberdade constante, uma vida de sinceridade. A segunda escolha, inevitavelmente, leva-nos a uma escravidão dentro de nós mesmos. A primeira resulta em crescimento espiritual, a segunda, em amargura. PERDÃO É CURA.

II. OFENSAS COMUNS NA FAMÍLIA

A. Papéis não assumidos.
Maridos - liderança em amor, disciplina dos filhos, direção
espiritual, sustento do lar.
Esposas - submissão e respeito, cuidado da casa, apoio e estímulo para o marido, orientação aos filhos.
Filhos - honra e obediência aos pais.
Pais - orientação e disciplina firme, amorosa e coerente, amizade, suprimento emocional, material e espiritual.

B. Negligência às necessidades básicas.
Dos maridos - respeito, sustento do lar.
Das esposas - carinho, proteção, atenção e amizade.
Dos filhos - atenção, tempo, amizade.
Dos pais - obediência, boa conduta.

C. Falhas pessoais:
1. Esquecimentos. (datas, promessas, etc).
2. Egoísmo.
3. Ira.
4. Agressões (físicas, verbais)
5. Infidelidade (quebra dos votos conjugais - quais?).

III. O QUE É O PERDÃO?

A. O perdão não é basicamente uma emoção, mas uma decisão! É um ato de minha vontade, não de minhas emoções. (Cl 3.13).

B. O perdão é a decisão de não levantar mais a ofensa perante três pessoas: Deus, os outros (inclusive o ofensor), e eu mesmo.

C. Perdão é diferente de absolvição. Absolvição relaciona-se com as conseqüências da ofensa, enquanto perdão relaciona-se com a nossa atitude (reação emocional) para com a ofensa e para com o ofensor.

D. Perdão é, portanto uma questão de obediência a uma ordem do Senhor (Ef 4.32; Lc 17.3-10).

E. Perdão é unilateral; ele não depende dos "méritos" do ofensor.

F. Não há limite para se perdoar (Mt 18.21,22)

IV. ALGUNS ESCLARECIMENTOS SOBRE O PERDÃO

A. Perdão é uma reação positiva para com a ofensa, ao invés de uma reação negativa para com o ofensor. Ofensas são oportunidades para ou perdoar ou ficar amargurado. Uma reação positiva significa olhar aquela ofensa como oportunidade para crescer na vida e/ou para refletir as qualidades de Cristo para com o ofensor.

B. Ao perdoar podemos ver o ofensor como instrumento de Deus em nossa vida. (Gn 50.15-21).

C. O perdão significa cooperar com Deus na vida do ofensor.

D. Ao perdoar reconhecemos o direito que só Deus tem de julgar. (Rm 12.19).

V. CONSEQÜÊNCIAS DA FALTA DE PERDÃO

A. Conseqüências Físicas: amargura prolongada causa alguns efeitos físicos tais como úlceras, pressão alta, descargas de adrenalina (por causa da associação com a ira) e outras complicações.

B. Conseqüências Emocionais: depressão é a maior conseqüência. Uma amargurar prolongada pode gerar um foco emocional em nossa mente que tira de nós uma grande dose de energia por causa de força que precisamos para manter nossas "broncas" contra aqueles que nos ofenderam.

C. Conseqüências Espirituais: nosso relacionamento com Deus é sensivelmente prejudicado, visto que estamos em desobediência à Sua Palavra. (Ef 4.31, Mt 18.22,35) Tudo isso aparecerá inevitavelmente no contexto familiar.

VI. COMO PERDOAR?


A. Decida perdoar.
Primeiro vem a obediência e depois o sentimento.

B. O perdão pode implicar em confrontação. (Mt 18.15)

C. Motive-se no exemplo de Cristo. (Cl 3.13) dependa da Sua Graça.  Fp 4.13

D. Busque o bem do ofensor (Rm 12.20). Isso significa, no mínimo, oração, mas pode significar muito mais.

E. Faça um compromisso com Deus de jamais levantar a(s) ofensa(s) perante Ele, perante os outros (inclusive o ofensor) e, perante você mesmo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

A salvação da família


                Toda a tua Família é Salva?

“Pela fé Noé, divinamente avisado a respeito das coisas”.
que ainda não se viam, sendo temente a Deus, construiu
uma arca para o salvamento da sua casa.
Hebreus 11.7
Certa vez irrompeu pavoroso incêndio numa escola, deixando cerca de setenta crianças presas pelas chamas. / multidão, que se ajuntara no lugar do sinistro, corria angustiada e confusa; uns para cá, outros para lá. Não podendo alcançar seus filhos, por causa do intenso calor, as mães clamavam por eles como loucas. Homens fortes, diante daquele quadro, só podiam lamentar: "O, que posso fazer par salvar meu filhinho?"
Ouviram-se, então, apesar do alvoroço, os gritos de um menino que, vendo o pai, perguntou: "Papai, não pode salvar-me?! Não vens acudir-me?!" Mais alto que o alarido agonizante das outras crianças, persistiam os gritos: "Papa não podes salvar-me? Não vens acudir-me?!" Apesar de esforços sobre-humanos, o pai nada pôde fazer pelo filhe Poucos dias depois, aquele pobre homem também morreria, com os rogos do menino a ecoar-lhe nos ouvidos: "Papai, não podes salvar-me?! Não vens acudir-me?!"
Por acaso, não ouvimos também os gritos de nossos filhos que se vêem ameaçados neste mundo de horror? E o pior é que, não somente os seus corpos, mas principalmente as suas almas, acham-se na iminência de se perderem ... por toda a eternidade!
Quantos pais e mães já persistiram em oração até ver todos os seus filhos salvos, baseando suas súplicas nesta promessa infalível: "Se dois de vós sobre a terra concordarem em pedir alguma coisa, ser-lhes-á feita por meu Pai que está nos céus"? Se somos verdadeiramente crentes, podemos orar com confiança inabalável, firmando-nos nas muitas promessas que encontramos através de toda a Bíblia.
A primeira promessa a considerar foi feita a Noé. Deus não chamou somente ao patriarca, mas também a toda a sua casa a entrar na arca; e, assim, foi salva toda a sua família. A arca serve-nos como tipo de Cristo, o único que nos salva do dilúvio de pecado que nos quer destruir. Foi pela fé (Hb 11.7) que Noé cooperou com Deus, e conseguiu o indizível gozo de ver todos os seus entes queridos seguros consigo na arca, enquanto lá fora desciam as torrentes de água, provocando a maior destruição jamais vista pelos homens. Se tivermos a mesma fé, haveremos de ver cada um dos membros de nossas famílias refugiar-se em Jesus e, assim, salvar-se do horrendo dilúvio de incredulidade, pecado, vício e crime que destrói o mundo atual.
Na vida de Abraão, Deus cumpre mais uma vez a sua vontade acerca da família. Disse o Senhor ao patriarca: "Porque o tenho escolhido, a fim de que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, que guardem o caminho de Jeová" (Gn 18.19). Aqui, o Senhor enfatiza por que chamou a Abraão; chamou-o para que ele conhecesse sua responsabili­dade para com seus filhos e sua casa. E o número daqueles que estavam a serviço do patriarca elevou-se até trezentas e dezoito almas (Gn 14.14). Quantos de nós poderiam ser escolhidos por haverem ordenado a sua casa conforme recomenda-nos o Senhor?
Por não seguirem o exemplo de Abraão, alguns dominam seus filhos com tanta dureza e tirania, que jamais conseguirão levá-los ao Deus de amor. Outros, como Eli (1 Sm 3.13), são indiferentes à obrigação de governar sua casa, por isto estão na iminência de perderem os filhos. Vejamos como agia o neto de Abraão: "Então disse Jacó à sua família... purificai-vos e mudai os vossos vestidos, levantemo-nos e subamos a Betei (casa de Deus). Ali faremos um altar ao Deus..." (Gn 35.2,3). Temos nisto um bom exemplo de culto doméstico e consagração de toda a família a Deus.
Ao instituir a páscoa, o Senhor ordenou aos filhos de Israel: "Tomarão... um cordeiro para cada família" (Ex 12.3). A páscoa é um dos tipos mais claros da salvação mediante o sangue de Cristo. E, cada família deveria imolar anualmente um cordeiro que já prefigurava o Cordeiro de Deus que haveria de tirar o pecado do mundo. Isto não quer dizer que todos os membros de nossa família serão salvos sem arrependimento e sem fé em Deus, mas que Ele se interessa em salvar toda a nossa casa.
Faraó não consentia que os "pequeninos" de Israel saíssem do Egito com os pais (Êx 10.9-11). A escravatura e a amarga opressão do Egito são tipos da escravidão do pecado; Faraó tipifica Satanás, o qual não deseja que nossos filhos saiam do mundo conosco, pois sabe que voltaremos para ele se os nossos "pequeninos" ficarem em seu território. O Senhor Deus, todavia, exigiu que as famílias hebréias inteiras deixas­sem os domínios de Faraó. Nisto, há outra prova evidente de que Deus quer salvar toda a nossa casa.
A história de Raabe, a meretriz, prova que um pecador verdadeiramente arrependido pode levar toda a família a receber a Jesus. No capítulo dois de Josué, vê-se como ela tinha uma fé viva em Deus (Hb 11.31), não só para alcançai sua salvação, mas também para rogar pelo pai, mãe e irmãos (Js 2.13). Quando os muros de Jerico caíram por terra, permaneceu em pé o trecho onde se encontrava a casa de Raabe. Apesar de "tudo quanto havia na cidade, homens e mulheres, moços e velhos, bois, ovelhas e jumentos", ser totalmente destruído (Js 6.21), ela com seu pai, mãe e irmãos e todos os seus parentes foram salvos (Js 6.23). Se Deus ouviu a oração daquela meretriz, certamente agirá do mesmo modo em relação anos, resgatando nossas famílias desta Jericó que, em breve, há de ser destruída.
Josué é outro dos muitos exemplos de homens dedicados a Deus, que souberam ordenar toda a sua casa. Perante as tribos de Israel, reunidas em Siquém, conclamou o povo a seguir seu exemplo: "Eu e a minha casa, porém, serviremos ao Senhor". Seus filhos sabiam que sua religião era verdadeira, e que, enquanto Josué vivesse, teriam de servir fielmente a Deus.
Trabalhando na lavoura, certo homem, crente e fervoroso no espírito, lutava com dificuldades para conseguir levar o pão à sua família. No entanto, o Senhor começou a abençoá-lo com grande prosperidade material. Foi então que a esposa e os filhos insistiram com ele para que se mudassem para a cidade. Para agradá-los, resolveu deixar o campo. Já agora desfrutan­do de uma vida cômoda e sem preocupações, a mulher e os filhos buscaram desfrutar das vaidades mundanas.
O pai, sozinho e triste, era obrigado agora a assistir aos cultos sem a família. Mas, percebendo que esta situação não poderia persistir, convocou a esposa e os filhos para lembrar-lhes de como serviam fielmente a Deus quando se encontra­vam na pobreza; e, de quando precisavam lutar com dificul­dades para ganharem o pão de cada dia. Em seguida, advertiu-os solenemente: "Se vocês não abandonarem esta vida mun­dana e a companhia dos inimigos de Deus, devolverei todas as riquezas que Ele nos confiou, e voltaremos a lavrar o solo. E, viveremos no temor do Senhor." Ele ordenou a sua casa e foi bem sucedido. Todos obedeceram imediatamente. Como seria bom se todos os pais experimentassem fazer o mesmo, isto é, se ordenassem a sua casa a caminhar nos retos caminhos do Senhor.
Não é só no Antigo Testamento que encontramos exem­plos de pais que souberam ordenar as suas casas. Jesus chamou o lar eterno de a casa de meu Pai (Jo 14). Desta casa, o Pai dispensa-nos o seu amor, supre todas as nossas necessi­dades e ordena a sua Igreja. Por isto, Ele quer que o lar do crente, na terra, seja em tudo parecido com o lar eterno.
Cornélio, depois de mandar chamar a Pedro, foi aos amigos e convidou-os para ouvir o conselho de Deus, mas não se esqueceu dos da sua casa. Estes, como andavam ordenada­mente, assistiram à exposição do Evangelho, foram salvos e, em seguida, cheios do Espírito Santo. Se há regozijo nos céus por um pecador que se arrepende, quanto mais por uma casa inteira que se salva?!
Lídia, a rica vendedora de púrpura, é outro exemplo de crente que não se dá por satisfeito enquanto não vê toda a família aos pés de Cristo.
A história do carcereiro de Filipos é um dos relatos que mais evidenciam o interesse de Deus em salvar toda a família. Depois daquele terremoto que abalou os alicerces da prisão, e já antevendo a sua desgraça, perguntou o carcereiro: "Que me é necessário fazer para me salvar?" Sabemos que a resposta que lhe deu Paulo é uma promessa tanto a ele, quanto a nós: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa". Quando o pecador crê na primeira parte da promessa, é salvo; e quando crê na segunda, pode levar toda a família a receber a mesma salvação.
      Os pais, hoje, querem lançar esta obrigação sobre o profes­sor da Escola Dominical, ou sobre o pastor. "Naquele dia", porém, saberão enfaticamente que esta obrigação era sua. Deus nos revela a sua vontade nestas palavras: "Que saiba governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito" (1 Tm 3.4).
Todos ficam comovidos com a história do amor de Jesus Cristo e a fé no Todo-poderoso que operavam com tanto resultado em Hudson Taylor, durante os longos anos de seu serviço como missionário na China. São poucos, porém, os que sabem do segredo desta sua dedicação a Deus. Diz-se de Tiago Taylor, bisavô de Hudson, que na manhã do dia de seu casamento, enquanto sua noiva o esperava, ficou de joelhos, hora após hora, tomado pelas palavras de Josué: "Eu e minha casa havemos de servir a Jeová". E Deus honrou a firme resolução de Tiago Taylor, e deu-lhe um lar que, por fim, produziu um missionário dos que mais honraram a Igreja de Cristo.
Os pais que conhecem a história deste outro grande missionário, João Paton, podem desfrutar de muitas bênçãos, e transmitir aos seus filhos o que ele disse acerca do quarto de oração na casa de seu pai: "Víamos nosso pai retirar-se para lá, diariamente, após cada refeição. Fechada a porta, sabíamos que lá estava ele derramando sua alma em orações a Deus, por nós, como o sumo sacerdote da antigüidade dentro do véu do Santo dos santos. O mundo fora não sabia, mas nós sabíamos a causa do gozo e brilho do seu rosto ao reaparecer; era o reflexo da presença divina".
Se Deus colocasse um diamante em tuas mãos, ordenando-te que gravasses nele uma frase para ser lida no último dia, como índice de tuas idéias e sentimentos, com que cuidado escolherias as palavras! E justamente isto que Deus fez quando colocou cada um dos teus filhos, puros e imaculados, nas tuas mãos. O que estás escrevendo nestas jóias, pela oração, por teu espírito e exemplo, hora após hora, dia após dia, ano após ano, é para ser lido e exibido no grande dia.
Se queres ver a família inteira salva, observa esta recomendação: "Vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos' reprovando-os e castigando-os enquanto encolerizados, "ma criai-os na disciplina e admoestação do Senhor" (Ef 6.4).
Nossos filhos viverão de toda a palavra que sai da boca d Deus. E, como sacerdotes do lar, devemos transmitir-lhes o ensinos contidos no Santo Livro.   Orlando Boyer